28 de dezembro de 2015

“Tratado sobre a Tolerância’’

trecho de “Tratado sobre a Tolerância’’
François Marie Arouet (Voltaire)
-1763-
“Não é mais aos homens que me dirijo. É a você, Deus de todos os seres, de todos os mundos e de todos os tempos: Que os erros agarrados à nossa natureza não sejam motivo de nossas calamidades. Você não nos deu coração para nos odiarmos, nem mãos para nos enforcarmos. Faça com que nos ajudemos mutuamente a suportar o fardo de uma vida penosa e passageira.
Que as pequenas diferenças entre as vestimentas que cobrem nossos corpos, entre nossos costumes ridículos, entre nossas leis imperfeitas e nossas opiniões insensatas, não sejam sinais de ódio e perseguição.
Que aqueles que acendem velas em pleno dia para celebrá-lo, suportem os que se contentam com a luz do sol.
Que os que cobrem suas roupas com um manto branco para dizer que é preciso amá-lo, não detestem os que dizem a mesma coisa sob um manto negro.
Que aqueles que dominam uma pequena parte desse mundo, e que possuem algum dinheiro, desfrutem sem orgulho do que chamam poder e riqueza e que os outros não os vejam com inveja, mesmo porque, Você sabe que não há nessas vaidades nem o que invejar nem do que se orgulhar.
Que eles tenham horror à tirania exercida sobre as almas, como também execrem os que exploram a força do trabalho. Se os flagelos da guerra são inevitáveis, não nos violentemos em nome da paz.
Que possam todos os homens se lembrar que são irmãos!’’

























17 de maio de 2015

No templo



Há um medo
que se esconde
atrás da porta.
Torta a boca,
pouca a fala,
olhos no chão.

Um menino
de olhar esbugalhado.
tão calado
que parece
que morreu.

Não sou eu,
que o vejo
do meu canto.
Sem espanto,
sem buscar explicação.

Há um medo
que me fita e paralisa
com seu olhos
como de um congelador.

Um vitral
impede raios penetrarem
e tentarem derreter toda essa estase.

Quase chega
alguma luz,
alguma cor.

Há um homem
semi-nu
pendido à cruz.

Há pessoas coloridas
no vitral.

Há um medo
de pecar
ou de viver.

por 

21 de abril de 2015

Alice in Wonderland


"Amo-te
sem saber como,
nem quando,
nem onde,
amo-te
simplesmente
sem problemas
nem orgulho:
amo-te
assim
porque
não sei amar de outra maneira."

Pablo Neruda

Pensata



Quem parte
não leva
a lembrança
que deixa.


[Adauto Suannes]








Trova




Ando a esmo, qual criança,
dizem que não tenho siso,
um louco que ri e dança
por causa do teu sorriso.

[Adauto Suannes]

Quadra


Penso em ti a todo momento,
não sabes quanto
te quero;
mesmo nas tardes
sem vento,
no meu veleiro
eu te espero.
[Adauto Suannes]