15 de março de 2009

Oscilações de um Tempo




Por Jussara
(imagem extraída da net)

Nosso tempo. Tempo real. Tempo paradoxal. Tempo complexo. Tempo globalizado. Tempo hedonista. Tempo das euforias químicas, superficiais. Tempo do possuir, do realizar. Tempo cibernético, de relacionamentos virtuais. Tempo de maquiar verdades. Tempo de mascarar mazelas. Tempo relativizado. Tempo dos discursos, da pregação teórica. Tempo do caráter diluido na necessidade do bem estar. Tempo da banalização do sagrado. Tempo das crises paradigmáticas, evidenciada na perda de valores. Tempo de não saber o certo ou errado, normal ou patológico.
Tempo da competitividade alimentada pelo individualismo e consumismo, passaporte para a busca da independência e autonomia; com propósito do poder para suprir carências afetivas, carências da alma . Tempo das vaidades que servem como máscaras, que desde cedo se aprende a usar, gerando a ilusão de que se é aceito e querido. Tempo em que poder e prosperidade são garantias de aceitação numa sociedade cuja mentalidade gira, gira e cai na futilidade contemporânea.
Sob esses aspectos, relacionamentos são construídos com estranhos mascarados que não valem pelo que são, e sim pelo que fazem, pelo tem; pelo que aparentam.
Esconde-se, efetivamente, o que prejudica a imagem fabricada, condição de ser aceito no mundo ideal, onde a honestidade está escondida no quarto escuro da alma, aprisionando consigo a liberdade e a dignidade.
Crianças. Crianças são aquilo que desejam ser quando crescerem. Idosos são marginalizados e abandonados, pois já não produzem, não geram riquezas.
Pobres; os pobres de dinheiro, pobres no físico, os pobres de conhecimento. São tantos os pobres. E estes, estes são um problema a ser resolvido, e não pessoas para serem amadas. Suportam o peso da indiferença, não pertencem ao universo do tempo real.
Em tempo de profundas instabilidades, critérios de verdadeiros relacionamentos são questionáveis, mesmo em ambientes em que o discurso e a prática deveriam andar de mãos dadas.
O tempo, como um ralo enorme, escoa tudo com ele, tudo se vai.
O que deveria ficar ? A simplicidade. É só na simplicidade que se consegue enxergar a significância real da vida, a siginificância de um tempo que não devolve o que se perdeu, um tempo que não volta jamais. Um tempo que nos fará lamentar o tempo perdido.

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